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A Magia por trás das palavras


mulher se abraçando, amor próprio


É nos nossos relacionamentos que estão nossos maiores desafios. Isso pode ser mais ou menos verdade dependendo de quem interpreta essa frase, mas não imagino haver alguém neste mundo que nunca tenha se sentido desconfortável na relação com alguém. Há de haver alguma razão para ser assim, mas acredito que o aprendizado seja a grande aposta da maioria das pessoas se elas fossem questionadas sobre a razão de depararmos com pessoas que abalam nossas estruturas, mesmo quando tudo parece perfeito.


Um desafeto pode causar uma sensação de desequilíbrio tão grande, que, mesmo no silêncio do nosso lar, sua presença em nossa Mente se parece com alguém que circula persistentemente de salto alto no apartamento de cima. Mesmo que não queiramos, esses pensamentos se tornam repetitivos e irritantes na nossa cabeça. E o pior: não nos permitem pôr foco nas nossas tarefas nem mesmo nas atividades mais divertidas. Essa obsessão pode nos tirar a paz de espírito e nos levar a gastar uma energia preciosa no dia a dia.


Quando recebo alguém assim em minhas terapias, em algum momento faço a pergunta de um milhão de dólares: “Por que você dá tanto poder para essa pessoa?”. Noto imediatamente o desconcerto no comportamento confuso e em suas respostas vazias. Excetuando os casos mais graves que envolvem violência, não, não há explicação para uma pessoa conseguir acabar com a nossa paz, ela não pode ter esse poder. Se você me afirmar que ela tem esse poder, então está na hora de você se empoderar também.


Os criadores da Programação Neurolinguística, Richard Bandler e John Grinder, fizeram um estudo único sobre linguagem e terapia, registrado no livro “A Estrutura da Magia” (Ed. LTC - 1977), cujo objetivo era compreender o que se ocultava na ESTRUTURA SUPERFICIAL de frases que, se desafiadas com a técnica correta, poderiam demonstrar uma ESTRUTURA PROFUNDA e rica para a compreensão da real ideia que poderia estar omitida, generalizada ou distorcida naquela afirmação aparentemente ingênua a respeito de uma experiência.


Para ilustrar — levando-se em conta o tema deste artigo — imaginemos aqui um relacionamento marido e mulher tradicional: o homem é o provedor, e a mulher, a cuidadora da casa e dos filhos. A esposa se sente depreciada, porque acredita que o marido nunca valoriza o que ela faz, o modo como cuida dele, dos filhos, apesar de todo o esmero com que ela realiza suas obrigações domésticas. Depois de esperar pelo seu reconhecimento, um dia diz a ele o que pensa sobre seu papel de esposa: “Acho que você só pensa em você, nunca valoriza o que eu faço”.


Sempre reforço aqui a ideia de que o mundo como o enxergamos nada mais é do que um MAPA MENTAL, uma interpretação tecida pela nossa Mente egoísta. Por isso, não vamos entrar no mérito de julgar esse tipo de relacionamento, mas apenas nos ater à afirmação que ela fez a respeito do marido. De acordo com sua visão de mundo, ela merecia mais consideração do marido em virtude de todo o seu esforço e dedicação. Mas há uma distorção que o marido poderia desafiar: “O que a faz pensar que eu não a valorizo?”. Diante desse questionamento, ela poderia alegar que ele nunca dissera nada a respeito, mas isso ainda é uma distorção de sua Mente.


Percebam que, no fundo, se pudéssemos continuar questionando sua afirmação, poderíamos chegar a uma ESTRUTURA PROFUNDA, vinculada a experiências anteriores em que ela nunca se sentira desvalorizada. É importante entender que o objetivo em se desafiar essas afirmações superficiais é ajudar a pessoa a compreender que o fato de ela se sentir desprestigiada naquele relacionamento é só a “ponta do iceberg” do problema. É preciso trabalhar essa Parte da Mente que possui uma baixa autoestima.


Além disso, nenhum tipo de relacionamento pode durar se uma pessoa espera que seu parceiro lhe dê o que ele não tem. Isso vale para qualquer tipo de relação humana em que há carência de um ou outro indivíduo — ou de ambos. Quando se busca o amor ou a valorização no outro, há um vazio a ser preenchido. Essa falta de amor-próprio só pode ser solucionada pela busca pessoal e intransferível pelo autoconhecimento, das carências que sustentam uma baixa autoestima.


É interessante notar quão comum é a prática de distorcer o modo como interpretamos as frases e os comportamentos daqueles do nosso convívio. Temos o hábito de ler a Mente das pessoas achando que elas estão bravas conosco ou não gostaram do que fizemos. Outras vezes, usamos o comportamento das pessoas próximas para justificar nossas limitações quando alegamos não realizar um sonho por causa delas, como se elas tivessem esse poder. É nessas horas que nos tornamos obcecados em culpar o outro e não assumimos a responsabilidade por aquilo que criamos.


Por mais que nos sintamos prejudicados em uma relação, o passo tem que se dado por nós, pois, se estamos numa relação difícil, atraímos essa realidade para podermos aprender a nos fortalecer e, sobretudo, a desenvolver o amor-próprio. Não é necessário jogar tudo para o alto quando estamos descontentes com o outro. Lembre-se: não podemos mudar as pessoas, mas podemos mudar a nós mesmos e, de quebra, damos nossa contribuição para melhorar a psicosfera do nosso querido planeta. Que assim seja!


 

Sobre o autor: 
Professor, Neuroeducador, Master Practitioner em PNL e Coaching de vida –é fundador, junto de sua esposa, Sílvia Reze, 
do Instituto Recomece. 
 

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