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Como cultivar uma amizade verdadeira?


mulher se abraçando, amor próprio

A origem da palavra “amigo” é um tanto controversa. Aqui vou adotar a teoria de que a base dessa palavra vem do latim “ego” (= eu), ou seja, alguém com quem você se identifica, mas não é você (a= não). Gosto dessa versão, porém confesso que serei oportunista, já que tenho em mente ideia de discutir as relações humanas, sobretudo aquilo que costumamos chamar “amizade”, definido como o sentimento de apreço entre as pessoas.


As amizades em nosso cotidiano sempre foram um tema de meu interesse. Quando era professor, observava os adolescentes com suas amizades efêmeras — BFF: Best friend Forever — em que o forever não durava mais do que alguns meses, salvas raras exceções. Alguns desentendimentos depois, tudo voltava ao normal, como se nada tivesse acontecido. E o ciclo parecia não ter fim. Achava aquilo lindo!


Passei a entender melhor os adolescentes depois que comecei a refletir sobre as relações daqueles que chamamos adultos. Pareciam mais maduras, no entanto eram baseadas em pura hipocrisia, pois aquela coragem que tínhamos de confrontar as pessoas na fase teen agora se transformou na mais absoluta conveniência. Toleramos algumas pessoas, mas não temos coragem de dizer a elas as verdades que nos ficam engasgadas como uma severa indigestão.


Por isso, imagino que a palavra “amigo” poderia ser definida como: “Meu EGO não gosta do que você carrega em seu EGO”. Essa reformulação poderia ser facilmente justificada pelo fato de que todos nós portamos em nosso EGO muitos sentimentos limitantes a serem trabalhados. E se você acredita que atraímos aquilo de que precisamos, então todas aquelas pessoas que cruzam os nossos caminhos, incluindo nossos familiares, são potenciais professores para nós.


Rhonda Byrne, em seu livro “O Poder” (Ed. Sextante), chama a esses “professores” de Personal Trainers Emocionais. Achei uma excelente metáfora, já que o Personal Trainer nos submete a desafios de acordo com a demanda do nosso aparelho físico. As pessoas que encontramos são exatamente as que vão nos pôr à prova o tempo todo. Alguns nos proporão exercícios mais leves, outros nos farão correr com um tronco nas costas. Mas nada a mais do que podemos suportar.


A partir dessa premissa, entendemos que não existe a amizade perfeita que os adolescentes almejam, mas ela poderia ser muito mais produtiva sem a hipocrisia das relações adultas. Somos todos EGOS ambulantes lutando para nos compreender reciprocamente. Por isso as relações humanas são tão complexas. Sempre vai haver dificuldades entre pessoas próximas, porque é EGO contra EGO, não há perfeição neste planeta.


Agora, talvez, eu possa responder à pergunta feita no título do texto. Para cultivar uma grande amizade, primeiramente é preciso entender que não existe uma relação sem pelo menos algum tipo de rusga. Faz parte de nossa missão aprender a lidar com as pessoas. Se aceitássemos isso, poderíamos fazer evoluir todas as nossas relações, fossem familiares, profissionais, com nossos vizinhos ou com aqueles com quem deparamos vez ou outra em nosso cotidiano.


A partir do momento que admitirmos a vulnerabilidade das nossas relações, podemos pensar em dar o próximo passo: entender que não haverá mudanças enquanto a verdade não prevalecer. O Mestre de Nazaré resumiu muito bem essa ideia quando disse que é preciso conhecer a verdade para nos libertarmos. Libertarmo-nos da prisão da hipocrisia, das falsas relações, do egoísmo, da vaidade, enfim, das amarras que nos prendem ao mal.


Preferimos lançar a verdade à escuridão das masmorras a entregá-la à luz e permitir que ela seja o bálsamo que curará as nossas feridas, mesmo que paulatinamente. A sabedoria popular diz que “A verdade dói”. Sim, é um remédio amargo, mas imprescindível à nossa evolução. Se quisermos, de fato, cultivar nossas relações, precisamos aprender a deixar de lado os nossos mais profundos melindres e encarar a realidade. A verdade poderá afastar-nos temporariamente de um amigo; no entanto, mais dia menos dia, ela prevalecerá.


 

Sobre o autor: 
Professor, Neuroeducador, Master Practitioner em PNL e Coaching de vida –é fundador, junto de sua esposa, Sílvia Reze, 
do Instituto Recomece. 
 

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