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Como evitar conflitos pessoais

Atualizado: 23 de mai. de 2022


mulher se abraçando, amor próprio

No nosso mundo, não há nada mais comum do que as desavenças que envolvem aqueles com quem convivemos. Elas fazem parte da nossa vida e, se não fossem elas, não teríamos a chance de aprender. Sentimo-nos chateados, injustiçados, mas a tendência é que isso vá passando. O problema é que há algumas situações em que essa recuperação não é tão rápida assim, sobretudo quando achamos que fomos ofendidos profundamente por alguém. Usei a expressão “achamos” porque é essa abordagem que quero fazer sobre aquilo que chamamos “ofensa”.


Podemos nos sentir intensamente magoados quando alguém nos diz algo que nos toca fundo. Ficamos irritados, frustrados e obcecados com a injustiça da qual nos sentimos vítimas. Tornamo-nos nossos auto-obsessores, com a ideia fixa naqueles pensamentos e sentimentos. Basta que percamos o foco no que estamos fazendo no nosso cotidiano, que aquele pensamento nos povoa a Mente instantaneamente, lembrando-nos do desrespeito a que fomos submetidos. Se achamos alguém para compartilhar nossa obsessão, lá estaremos nós, despejando nossa ira na cabeça desse pobre ouvinte.


Dessa forma, precisamos relembrar pressupostos básicos sobre a nossa Mente antes de prosseguirmos.


Primeiramente, a Mente é um repositório de memórias formadas a partir de experiências programadas, sobretudo na nossa infância. Essas experiências trazem um pacote com sensações, emoções e pensamentos, acionado sempre que passamos por experiências iguais ou semelhantes àquele primeiro aprendizado. Se guardamos uma lembrança boa de uma visita à casa de uma tia na primeira vez que a visitamos, por exemplo, essa lembrança positiva tende a ser acionada nas próximas visitas. Isso vale para as impressões negativas obviamente.


Em segundo lugar, essa memórias possuem uma visão subjetiva da experiência. Isso significa que ninguém verá essa experiência como você. Você criará um MAPA que não corresponde ao TERRITÓRIO, como prenuncia a Programação Neurolinguística. Na prática, tudo o que sente e pensa em relação à situação é somente uma interpretação baseada no seu MAPA DE MUNDO, o que nos leva a concluir que as memórias nunca são reais, mas releituras pessoais de um fato. Os conflitos nascem justamente de não aprendermos a respeitar essa visão pessoal.


Por último, e como conclusão às duas primeiras observações, vale lembrar que somos 100% responsáveis pelo que sentimos e pensamos, já que o mundo externo é somente uma projeção da nossa Mente. Embora construamos nossas memórias ainda muito novos, devemos compreender que acabamos negligenciando-as durante nossa vida inteira. Mas observemos que usei aqui a palavra “responsabilidade”, e não “culpa”. Assumir a responsabilidade nos tira da posição de vítimas e nos conduz à mudança.


Agora, sim, podemos analisar aqueles sentimentos de mágoa que nos consomem por dentro e nos tiram o sono. Acredito que um exemplo pode nos ser muito útil.


Vamos imaginar dois grandes amigos de infância. Eles sempre tiveram suas diferenças, algumas discussões, mas nunca essas brigas atrapalharam a grande amizade que compartilhavam. O tempo foi passando, e cada um seguiu seu rumo. Passaram a frequentar religiões diferentes, o que determinou mudanças de comportamentos que tornaram a convivência um pouco mais difícil. Em um almoço de domingo, um deles, que seguia uma orientação religiosa mais dogmática, censurou o modo como a filha do amigo se vestia, alegando ser um desrespeito à instituição familiar.


O amigo, sentindo-se invadido e desrespeitado no seu modo de agir, juntou suas coisas, sua família, e o almoço terminou de maneira melancólica. Entre pragas e impropérios, saiu cantando os pneus do seu carro, prometendo nunca mais voltar. Olhando de maneira nua e crua, diríamos que o amigo tinha toda a razão para se sentir ofendido; provavelmente, tomaríamos a mesma atitude diante de tal afronta. E se olhássemos do ponto de vista da Mente, de como ela funciona, será que adotaríamos uma postura tão rígida assim?


O grande problema de nós, seres humanos, é a tendência a viver no automático, ou seja, permitindo que nossa Mente decida por nós. E a Mente, como já vimos discutindo em nossos ARTIGOS e no PODCAST SENHORES DA MENTE, é egoísta e imatura. Ela vai lutar para defender sua verdade como se fosse a verdade absoluta e a ela se apegará fortemente. E esse APEGO à verdade leva a uma necessidade de controlar a tudo e a todos. Se acreditamos em algo, queremos que outras pessoas também acreditem.


O conflito entre os dois amigos nasceu exatamente dessa forma. Por acreditar que detinha a verdade sobre como uma adolescente teria que se vestir de acordo com o seu MAPA DE MUNDO, achou-se no direito de impor ao amigo suas convicções religiosas. O outro, por sua vez, sentiu-se ofendido porque também defendia um ponto de vista e se apegou a ele. Nessa luta EGO x EGO, ninguém quer ceder e “largar o osso”. Há alguém certo ou errado? Não! Somente dois pontos de vista divergentes sobre o tema em questão.


Faz-se necessário analisar com inteligência tais situações de conflito, visto que não há o detentor da verdade absoluta. Só há verdades relativas. É preciso pesar o que mais vale a pena: SER FELIZ ou TER RAZÃO. Se para você é importante ter razão, então é necessário estar pronto para abrir mão da paz e prepara-se para o sofrimento. A melhor maneira de deixar o EGO de lado é permitir que o outro possa SER, TER ou FAZER o que ele quiser, por mais que a Mente sugira o oposto. O que o outro faz, na verdade, não é um problema nosso.


É uma questão de exercitar a paz. Quando ouvimos algo que mexe com uma memória nossa, é preciso respirar e soltar o sentimento de apego. Questione sua Mente. Repita, mentalmente, como se estivesse conversando com uma outra pessoa (e é quase como se fosse mesmo): “Eu não tenho nada a ver com isso”. Afirme isso até que aquela sensação de querer impor sua verdade fique mais branda. Com o tempo, essa luta mental vai ficando menos intensa e aceitar o outro se tornará um hábito. É a sua pequena — mas valiosa — contribuição para a paz no mundo.


 

Sobre o autor: 
Professor, Neuroeducador, Master Practitioner em PNL e Coaching de vida –é fundador, junto de sua esposa, Sílvia Reze, 
do Instituto Recomece. 
 

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