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Entenda a diferença entre Conhecimento e Sabedoria


mulher se abraçando, amor próprio

Quando uma criança está aprendendo a andar, cada passo é minuciosamente monitorado e comemorado pelos responsáveis como uma conquista única. Frases de apoio são dirigidas repetidamente àquele pequenino ser para encorajá-lo em seu intento. Quando aquele movimento singular se transforma numa sequência de alguns metros, suspiros são arrancados dos presentes. É uma conquista linda... até que se passam alguns meses, e os pais se lamentam cada vez que a criança corre pela casa.


Aquelas lembranças da infância são esquecidas rapidamente, bem como a grandeza daquela conquista. Quando aprendemos a andar, nem passa pela nossa cabeça “como” fazemos isso, apenas fazemos: é automático! Talvez se algum dia formos obrigados, devido a alguma dessas fatalidades da vida, a reaprendermos a caminhar, certamente voltaremos a valorizar a importância de cada passo conquistado, quando ainda aspirávamos caminhar felizes e livres por este mundo afora.


Não quero ser hipócrita julgando as pessoas, achando que elas teriam que valorizar cada pequenina conquista da sua vida para serem felizes o tempo todo (Não que isso fosse ruim). Meu objetivo é lançar mão de uma metáfora para ilustrar o tema deste artigo. Conhecimento e Sabedoria diferem por um detalhe: o sábio põe em prática o que aprende. E como toda base dos meus artigos é dar pitacos na arte de viver, gostaria de falar sobre a importância de se desenvolver a sabedoria para irmos em busca da felicidade.


O conhecimento é aquilo que pode ser apreendido e ensinado. As instituições de ensino se desenvolveram sobre a égide do conhecimento. Havia (e ainda há) o professor — detentor do saber — e o aluno — repositório passivo desse saber. Sempre foi uma via única de informação, o que contribuiu com a nossa incapacidade de nos posicionar diante dos problemas da vida. Esse modelo está chegando à exaustão porque as novas gerações obtêm as informações de que necessitam gratuitamente na internet e parece não fazer mais sentido para eles ficarem sentados olhando a nuca do colega de classe.


Dessa forma, fomos educados para acumular conhecimento atrás de conhecimento, ano após ano, sem que toda essa bagagem de informação nos prestasse a melhorar nossa relação com o mundo ou com o próximo — a não ser na nossa relação com o mundo material: conseguir bons empregos, bons salários, ter a capacidade de consumir etc. Aliás, o acúmulo de conhecimento sem a prática é como o acúmulo de bens materiais, pois só serve para preencher espaço e estagnar o movimento da nossa vida, não acrescenta em nada.


Não defendo a ignorância intelectual, quero deixar bem claro. Mas amontoarmos conhecimento — como se fosse um armário de roupas que não usamos há anos — torna-se totalmente inútil para a nossa evolução. O que nos leva a realizar tantos cursos, participar de seminários, congressos e ler dúzias de livros? Qual a justificativa para nos tornarmos uma enciclopédia ambulante e vomitarmos em cima das pessoas todo o nosso poderoso saber? De que forma o conhecimento nos auxiliaria a sermos seres humanos melhores?


Não poderia escrever um artigo sem falar dela: a MENTE. Poderia responder às duas primeiras perguntas baseando-me nos desejos do nosso EGO. Paremos para pensar que, quanto mais sabemos, mais nos sentimos poderosos, mais podemos tripudiar sobre os ditos ignorantes e, dessa forma, sentirmo-nos prestigiados, dominantes, respeitados, soberanos, influenciadores. Há certamente uma Parte de nossa Mente que — em função da baixa autoestima — precisa se tornar grande perante a ignorância alheia. De mais a mais, enquanto estamos presos às lições contidas na busca incessante pelo conhecimento enciclopédico, esquecemo-nos da simplicidade das lições da vida.


E por que fugimos do simples? Seria nos rebaixar demais, visto que qualquer um pode ser simples. Então, condenamos a postura daqueles que olham para sua jornada com o olhar de uma criança. Desligamo-nos de nossa criança interior, que valorizava as pequenas conquistas as quais nos propiciam caminhar rumo ao progresso mental e espiritual — a exemplo dos primeiros passos que encantavam nossos pais. Por fim, somos desencorajados a prosseguir nesse caminho e acabamos presos à vida material, na falsa ilusão de que alcançaremos a felicidade a partir das posses e de nossas convicções.


Ao último questionamento, poderíamos reafirmar que conhecimento sem a prática é como falar em uma língua que ninguém entende. É inútil! Por isso, o Mestre de Nazaré afirmara que o Pai escondera coisas dos sábios e cultos e as revelara aos pequeninos (Mateus 11:25). Fundamentalmente, foi dito que a simplicidade dos pensamentos é que nos conecta à nossa ESSÊNCIA. É nos nossos triunfos mais simples que estão os passos para nossa evolução. Para isso, é importante lembrarmo-nos da lição mais importante de Jesus: aprender a amar a tudo e a todos.


Enfim, não é necessário abrir mão do conhecimento. Só não podemos nos esquecer de que ele deve ser direcionado preferencialmente ao nosso progresso mental e espiritual. A simplicidade, porém, é que nos leva à sabedoria verdadeira, à aceitação das dificuldades da vida como lições para o nosso crescimento. Faz-se urgente, em tempos difíceis, nos desprendermos de qualquer tipo de excesso em nossa bagagem para que nossa viagem se torne mais leve e recompensadora.



 

Sobre o autor: 
Professor, Neuroeducador, Master Practitioner em PNL e Coaching de vida –é fundador, junto de sua esposa, Sílvia Reze, 
do Instituto Recomece. 
 

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