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Não leve para o pessoal

Atualizado: 15 de jul. de 2022


mulher se abraçando, amor próprio

Uma das maiores controvérsias sobre este mundo que nos cerca é a de que ele não existe. Não fora da nossa cabeça. E isso é muito louco de se pensar se levarmos em conta que a grande maioria das pessoas sequer parou para pensar nisso. Vivemos a vida “no automático” — como adoro repetir — como se tudo o que acontecesse fora de nós fosse fruto de um mero acaso. Tudo bem se você achar isso, não há problema, mas sugiro que nem perca tempo de continuar lendo este artigo.


Deixe-me explicar a afirmação polêmica (para algumas pessoas) da primeira frase. Para que possamos compreendê-la, precisamos refletir sobre uma questão: “Como você sabe se a percepção que uma pessoa tem do mundo é a mesma que a sua?”. Talvez, você possa me responder que perguntou para ela, por exemplo, as cores de uma cadeira, e ela respondeu as mesmas que você. Mas é possível saber se o amarelo que ele viu foi o mesmo que o seu? Se a sensação táctil que ele teve ao tocar a cadeira foi idêntica à sua? Impossível!


O que justifica essa impossibilidade é o fato de que captamos o mundo que nos cerca a partir de nossos cinco sentidos. Esses sinais são conduzidos aos nossos cérebros através dos nervos sensoriais, que têm o papel de transmitir os impulsos nervosos do órgão receptor até o Sistema Nervoso Central. Até aí, não ocorrem diferenças entre nós, seres humanos. A diferença ocorre por conta da interpretação que cada pessoa faz desse sinal captado, já que ele é decodificado por Partes especializadas de nossa Mente, cujo conteúdo nunca é igual.


Isso implica uma diversidade infinita de comportamentos diante de uma situação aparentemente simples. Embora muitos possam achar a cadeira amarela, bonita e macia, outros podem alegar que ela é desconfortável e feia. Mas esse é um exemplo que simplifica demais minha explicação. Imagine a divergência de opiniões diante de assuntos polêmicos, como o aborto, a pena de morte, diversidade de gêneros, por exemplo. Cada qual com suas convicções e crenças, com suas vivências culturais e socioemocionais. É uma verdadeira “Torre de Babel”.


Nossa maior dificuldade, no entanto, é conceber a ideia de que — como cada ser humano traz experiências e memórias únicas — dificilmente irá haver unanimidade entre nós. E isso deveria ser saudável já que, com tantos pontos de vista assim, poderíamos encontrar soluções criativas para muitos dos problemas crônicos da sociedade. Não é o que acontece, como sabemos. As pessoas se digladiam se há divergência de opiniões, o que tem levado a conflitos que começam no seio familiar e acabam em guerras.


Cabe lembrar que as Partes da nossa Mente foram programadas em circunstâncias adversas e, por isso, acabaram criando memórias cujo conteúdo é limitado e inflexível. Se alguém costuma ser perfeccionista, por exemplo, irá se sentir constrangido se for contrariado, pois isso conflitua com a sua necessidade de agradar para ser aceito. Imagine que esse perfeccionista quebra um copo. Essa ação, por si só, já gera um comportamento de autodefesa. Imagine, então, se alguém lhe chamar a atenção! Está declarada a guerra.


Se uma criança passou por uma situação vexatória em sua infância e, por isso, sempre teve dificuldade em se expor, imagine se ela tiver de dar uma palestra para garantir seu emprego na empresa em que trabalha! Haverá, naturalmente, um medo daquela Parte da Mente de recriar todo o cenário ocorrido em sua infância. É nessas horas que passamos a suar, ficar com dor de barriga, entre outros sintomas psicossomáticos naturais nessas situações. Para essa pessoa, falar em público poder ser terrível caso não seja dada uma atenção especial a isso.


Esse dois casos aparentemente simples podem nos dar uma ideia de como é injusto julgar o comportamentos das pessoas. Suponha que, no caso do primeiro exemplo, você fizesse uma piada com o desastre do copo. No mínimo, receberia como resposta uma “cara feia” do amigo perfeccionista, e isso o irritaria. No segundo caso, você faz uma pergunta ao palestrante nervoso, e ele finge não ter ouvido o que você disse. Em represália a tamanha “falta de educação”, avalia a palestra dele como péssima.


Conhecendo a história dos nossos dois personagens, parece-nos mais fácil entender por que precisamos evitar ao máximo levar tudo o que acontece para o pessoal, não é mesmo? Com posse da verdade sobre o modo como construímos nossas memórias, podemos afirmar que todos têm suas próprias razões. Por trás de cada comportamento que consideramos negativo, há uma memória limitante que o alicerça; uma Parte de sua Mente com sentimentos, crenças e pensamentos próprios sobre a vida.


De mais a mais, não somos ofendidos pelas pessoas, mas nos sentimos ofendidos. Não há vítimas nem algozes nas relações, apenas EGO contra EGO. E nesse jogo só há perdedores! Precisamos praticar a autoanálise para melhorarmos nossos relacionamentos. Se alguém o tira de sua zona de conforto, é preciso entender que nada é pessoal, mas há algo dentro de você que foi remexido. Comece a observar suas reações negativas diante das pessoas e lembre-se de que você só consegue mudar alguém se mudar a si mesmo.


 

Sobre o autor: 
Professor, Neuroeducador, Master Practitioner em PNL e Hipnoterapia e Coaching de vida – é fundador, junto de sua esposa, Sílvia Reze, do Instituto Recomece. 
 

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