Na onda do filme-documentário “O Segredo”, baseado no livro homônimo de Rondha Byrne, best-seller publicado no Brasil pela Editora Sextante nos anos 2000, ganhava força a ideia de que poderíamos ter, ser ou fazer tudo o que desejássemos se soubéssemos usar a Lei da Atração a nosso favor. Ela relata casos de pessoas que teriam conquistado riqueza, relacionamentos maduros, saúde e felicidade depois de terem compreendido o “segredo oculto” que existiria dentro delas.
Não duvido que exista a Lei da Atração nem que algumas pessoas pudessem ter conquistado uma felicidade relativa em suas vidas, mas questiono se podemos de fato nos tornar seres completamente felizes em nossa passagem pelo Planeta Azul. Será que tudo não passa de pensamento positivo mesmo? Será que merecemos tudo de melhor que nossa vida pode nos oferecer? Se fosse assim, será que todas aquelas pessoas que acreditaram na eficácia do que propunha o livro não estariam vivendo na mais irrestrita prosperidade?
O título deste artigo é uma frase que teria sido atribuída ao Mestre Jesus em sua passagem por este planeta e parece não desmentir o que apregoa a autora australiana em seus livros. A frase parece clara e não necessita interpretações: todos os seus pedidos serão atendidos. Tenho a impressão de que falta algum detalhe para que as palavras do Mestre possam de fato fazer sentido para nós — e acho que concordam comigo — pois ninguém quer escassez, problemas de relacionamento, doenças... Será?
Já escrevi em outro artigo que, a exemplo do Universo que nos abriga, somos seres em plena expansão. O desejo pela evolução é inato em nós. Mesmo que você fique sentado o dia inteiro no sofá, assistindo a suas séries preferidas, sua Mente não para. Haverá sempre um desejo em movimento. E esse desejo já é criação. Sim, criamos 24 horas por dia a partir dos nossos desejos. Algo sempre vai impulsioná-lo a buscar o que lhe faça sentido — pelo amor ou pela dor. A vida sempre está nos enviando sinais para nos estimular à ação.
Então, por que não alcançamos o que desejamos? Por que eu sonho em ser rico, mas continuo a contar meu dinheiro para conseguir pagar minhas contas? Por que desejo um relacionamento perfeito, mas nunca meus parceiros me levam a sério? Por que, embora reze por uma saúde perfeita, ainda estou sofrendo com doenças que me limitam? Por que, embora seja muito competente no que faço, não alcanço o sucesso profissional? Essas são perguntas que certamente nos fazemos, mesmo que seja inconscientemente.
Gosto da metáfora que compara o Universo a uma máquina copiadora. Se você vai tirar uma cópia em que haja uma pessoa acamada, não pode esperar que do outro lado saia uma imagem de alguém praticando esportes, entende? Assim são nossos pensamentos. Há questões importantes que precisam ser consideradas quando pensamos em nossos desejos. Primeiramente, o que de fato estamos enviando para o Universo quando desejamos algo? Em segundo lugar, será que o que desejamos é o de que necessitamos para a nossa evolução?
Para responder à primeira pergunta, é valido analisar o que está por trás de um desejo. Quando desejamos uma melhoria financeira, estamos vibrando aquilo que essa melhoria pode nos trazer, ou o medo de ficar sem dinheiro de novo e de novo? Se desejamos saúde, será que não estamos com medo de ficar doentes? Perceba que, se o que está sendo emanado por seus pensamentos é o medo e não a bem-aventurança, a Fonte vai lhe enviar o que é necessário para que você supere esses medos.
Esse contraste nada mais é do que um desejo de seu Ser Interno de evoluir, e isso responde à segunda pergunta. No fundo, quando pensamos que estamos desejando a bem-aventurança, na verdade estamos pedindo o oposto. Pedimos a doença, a escassez, as dificuldades de relacionamento, por exemplo, porque não sabemos lidar com essas dificuldades. A vida é um eterno aprendizado, e a Fonte (ou qualquer nome que queiram dar a ela) é perfeita nesse aspecto também.
Adoramos criticar a postura de pais que dão de tudo a seus filhos sem lhes ensinar a lutar pelas suas conquistas, mas pedimos ao Universo que faça isso por nós. O que é mais produtivo na criação de um filho: dar a ele tudo o que ele quer ou estimulá-lo a buscar o que deseja? É uma pergunta retórica; se você acha, porém, que a primeira resposta é mais adequada, sem julgamentos. A Fonte irá encontrar uma forma de mostrar a você o caminho do crescimento espiritual. Ela não tem pressa!
Estamos aqui para aprender a amar ao próximo e a nós mesmos. Para isso, no entanto, temos que percorrer o caminho do aprendizado. Em vez de tentar atrair para você a felicidade e acabar se frustrando com o resultado, medite sobre o fato de que é necessário aprender com aquilo que a vida lhe oferece. Já temos lições suficientes para evoluir. Quando estiver passando por um processo doloroso em sua jornada, procure trabalhar em seus medos. Nossa Mente sempre nos trará obstáculos a serem superados. É lá que estão os desafios de nossa vida. Aceite-os e trabalhe em prol do autoconhecimento sempre!
Sobre o autor:
Professor, Neuroeducador, Master Practitioner em PNL e Coaching de vida –é fundador, junto de sua esposa, Sílvia Reze,
do Instituto Recomece.
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