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Quem é o culpado pela minha infelicidade?


mulher se abraçando, amor próprio

No Brasil, talvez por uma questão cultural, a língua portuguesa é cheia de armadilhas, o que causa certo problema com nossos irmão lusitanos, que costumam ser muito mais objetivos, como sabemos. Por exemplo, quando se faz uma pergunta retórica, seu objetivo não é obter uma resposta, mas sim estimular a reflexão do indivíduo sobre determinado assunto. Isso mesmo! Se você pergunta a alguém: “Você acha certo os políticos ganharem tanto dinheiro assim?”, não se espera que a pessoa responda “sim” ou “não”, não é verdade?


Iniciei meu texto assim para justificar a pergunta usada no título. Há duas maneiras de se interpretá-la. Em primeiro lugar, como uma pergunta cuja resposta pode ser objetiva. Posso responder a ela dizendo que a culpa é do meu marido (ou da esposa), do meu irmão, do meu chefe, do meu filho, ou até responder me referindo ao meu trabalho, minha casa, meu carro. Enfim, posso tratá-la como uma pergunta “direta e reta”, como se diz popularmente. Mas, particularmente, não era essa a minha intenção. E essa será nossa reflexão de hoje.


Como já afirmara no artigo “A magia por trás das palavras”, é nos relacionamentos que estão nossos maiores desafios. Nossa evolução passa necessariamente por aprendermos a lidar com as pessoas que nos cercam ou até com a ausência delas, em alguns casos. Nossa maior luta, no entanto, está mais ligada àqueles que nos tiram da zona de conforto, que provocam turbulências dentro de nós e nos tiram do eixo e àqueles que geram verdadeiro “tsunamis” em nossas vidas, deixando para trás um rastro de destruição.


É nessas horas que olhamos para nossas vidas e apontamos invariavelmente o dedo para essas pessoas, atribuindo-lhes a responsabilidade pela nossa derrocada emocional, financeira ou até física. Agimos como vítimas, juízes e algozes, tirando totalmente o foco de nós mesmos. Jogamos nossos inimigos numa masmorra na nossa Mente e os visitamos constantemente para aplicarmos os castigos que elas merecem. Somos grandes ditadores, que punem pessoas com a justificativa de acabar com as injustiças e mazelas do mundo, ou melhor, do nosso mundo.


Essa atitude faria todo o sentido se acreditássemos que tudo acontece por acaso, que somos apenas vítimas neste mundo maluco e de malucos lançadas à própria sorte. Confesso que acho tentador pensar assim: fica muito mais fácil encontrar um responsável pela nossa infelicidade, pois assim não precisamos olhar para dentro de nós e buscar a verdadeira razão para todas os problemas que nos afligem. Por isso é tão difícil para a grande maioria das pessoas buscar a ajuda de um terapeuta, que pode ajudá-lo a conhecer os bastidores desse “show de horrores” — e para isso não gostamos de olhar.


Quando compreendemos que só existe um responsável pela nossa infelicidade — nós mesmos — poderemos passar por uma etapa difícil de transição. Como sempre fomos educados a culpar alguém, passamos a apontar o dedo para nós, dessa vez, e acabamos nutrindo sentimentos profundos de culpa e vergonha, como se fôssemos, de fato, um monstro, uma aberração, já que sustentávamos essa ideia da maldade, da necessidade de punição, que gostávamos de atribuir ao outro na etapa em que simplesmente ignorávamos nossa responsabilidade por tudo.


No caminho do autoconhecimento, há muito o que aprender! São várias etapas necessárias até chegarmos ao nível máximo: AMAR AO PRÓXIMO COMO A NÓS MESMOS. Não é à toa que o Mestre de Nazaré nos apresentou esse desafio há mais de dois mil anos, mas sabia que isso seria um processo, que exige que, depois de plantarmos a semente, tenhamos a paciência e a persistência para regá-la sempre que necessário para que ela se torne planta e gere bons frutos. Temos dificuldade, no entanto, em pôr em prática esse hábito aparentemente simples por carregarmos crenças arraigadas, por sempre termos semeado o joio entre o trigo.


Agora é chegada a hora de cultivarmos o amor para colhermos o amor. Não há uma outra maneira. E essa semeadura começa dentro de nós. Se não aprendermos a olhar para nós com amor, jamais poderemos olhar para o próximo dessa forma. Isso justifica o fato de respondermos à pergunta do título com uma acusação àqueles que nos cercam. Ainda estamos engatinhando na arte de amar, mas precisamos começar de alguma forma; senão, continuaremos “batendo na mesma tecla” e obtendo os mesmos resultados.


Se você já compreendeu que a responsabilidade pela sua felicidade é total e exclusivamente sua, busque a prática do amor-próprio com calma e persistência. Racionalmente, já sabemos do que precisamos e por quê, mas, na prática, isso de nada adianta se você não buscar uma conexão com esse EU INTERIOR, com essas Partes da sua Mente que precisam ser trabalhadas e compreendidas acima de tudo. Amar a si mesmo é, sobretudo, aceitar-se como você é, com todas as suas imperfeições.


Como exercício diário, sugiro tornar um hábito a prática de vigiar suas reações diante dos obstáculos e procurar respirar quando se sentir irritado consigo mesmo ou com alguém. Coloque-se na posição do observador da sua Mente, sem julgamentos. Aja como o diretor de um filme, que rearranja o cenário para que ele o deixe mais feliz ou pele menos o faça se sentir melhor. Dessa forma, o ator dessa cena do livro de sua vida — a Parte da sua Mente sob sua direção — atuará conforme suas recomendações, e não de acordo com as próprias vontades. Isso é viver. Isso é sair do automático!



 

Sobre o autor: 
Professor, Neuroeducador, Master Practitioner em PNL e Hipnoterapia e Coaching de vida – é fundador, junto de sua esposa, Sílvia Reze, do Instituto Recomece. 
 

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