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Quem é o dono da verdade?

Atualizado: 9 de jul. de 2022


mulher se abraçando, amor próprio

Nos últimos artigos, tenho reforçado a ideia de que devemos evitar gastar nossas energias com aquilo que não nos traz nenhum benefício na vida. Abordamos a necessidade de avaliarmos as situações com inteligência e escolhermos para onde direcionar nossa energia a fim de trazermos paz para as nossas vidas. O que mais nos desgasta no convívio social é lutarmos para defender nosso ponto de vista quando, no fundo, o resultado dessa luta não nos leva a absolutamente nada.


Temos acompanhado um número crescente de pessoas — sobretudo nas redes sociais — que sentem a necessidade de fazer parte de algo, de sentirem-se pertencentes a um grupo. Esse, no entanto, é o menor dos problemas, já que faz parte do bom convívio social procurarmos aqueles com quem nos afinamos com o objetivo de trocar ideias, ampliar nossa visão sobre um assunto ou até de expormos nossas angústias e buscarmos saídas. Isso passa a ser um problema quando deixamos de discutir ideias e passamos a querer ser o centro das atenções.


Quando começamos a frequentar uma comunidade, estamos buscando legitimar nossos pensamentos e comportamentos diante de uma coletividade que pensa e age como nós. Então, a partir daí, sentimo-nos acolhidos, porque ganhamos relevância, um certo protagonismo, que, em geral, nos é negado pela sociedade. Pela primeira vez, talvez, poderemos nos sentir importantes, e o que menos passa por nossa cabeça é perder esse prestígio obtido com base em ideias e convicções duramente conquistadas por nós.


O que fazer então diante dessa ameaça? Se alguém tentasse destruir sua casa, o que você faria? Certamente a protegeria a todo o custo, não é mesmo? A comparação parece um tanto radical, é verdade, mas a fúria com que algumas pessoas defendem suas ideias nos faz repensar essa avaliação. Há pessoas que brigam e até matam por suas verdades. Isso se justifica pelo fato de que, quando nos sentimos proprietários de uma verdade, temos a sensação de poder sobre as outras pessoas.


E a melhor maneira de defender a nossa verdade é dizer que o outro está errado. Não importa se de fato a lógica do outro é melhor ou não, já que não é uma questão de lógica, mas de pura emoção. Não podemos deixar que alguém destrua aquilo que nos sustenta, que nos abriga, sob a pena de deixarmos de existir. Mais uma vez estaria eu sendo drástico? Talvez não precisemos ir muito longe para comprovarmos essa postura radical. Não é à toa que a sabedoria popular nos previne da inadvertência em discutir política, futebol e religião.


Para compreendermos tal postura, faz-se fundamental lembrar que a Mente é um repositório de memórias e uma máquina de pensar. Chamamos PARTES a essas memórias que, por terem sido programadas em circunstâncias adversas com as quais elas não souberam lidar, possuem carências que podem criar obstáculos pelo resto de nossas vidas se não forem o foco de nossos cuidados. Essas PARTES possuem uma personalidade egoísta e uma visão restrita do mundo, já que a flexibilidade não é o seu forte.


Todos os comportamentos dirigidos por essas PARTES possuem baixa autoestima em algum aspecto. Podem se sentir incapazes, impotentes, presas a algo ou alguém, não amadas, inseguras e, dessa forma, precisam da referência externa para se sentirem mais plenas, embora dificilmente consigam preencher esse vazio, já que a aprovação do outro é insuficiente se elas não desenvolverem um amor-próprio. É nessa busca incessante pela felicidade que muitas pessoas recorrem a grupos radicais, pois passam a sentir uma falsa sensação de protagonismo.


Chegamos, assim, ao cerne da questão: a nossa Mente. A necessidade de fazermos parte de um grupo e defendermos radicalmente nossas ideias é uma questão de carência emocional. O grande problema é que o prazer de se sentir importante é ilusório e passageiro, visto que esse comportamento foge à nossa real essência, pois acaba sufocando nossa personalidade, que nasceu para pensar livremente e assumir um lugar único no mundo: aquele que é alicerçado pelo nosso propósito de vida.


A internet tem sido a impulsionadora de grandes debates na busca por soluções colaborativas para problemas que possuem raízes profundas. Infelizmente, no entanto, as pessoas se mostram despreparadas para agir em prol de um mundo mais justo e livre, porque estão mais preocupadas em defender o seu lado — fundamentado por uma visão egoísta e radical — em nome de uma pseudoliberdade de pensamento. Liberdade é uma das bases de nossa evolução, mas ela só poderá concretizar-se tendo como pano de fundo o amor.


Para aprendermos a amar, precisamos investir no autoconhecimento, na busca pelo amor-próprio e na aceitação de que, como cantou Legião Urbana na canção “Eu era um lobisomem juvenil” (As quatro estações – 1989): “Todos têm suas próprias razões”. Se cada um de nós tem uma visão única do mundo, precisamos começar a respeitar a opinião alheia. Afinal de contas, só conhecemos verdades relativas. Ou você acha que detém a verdade absoluta? Tudo bem... eu respeito!


 

Sobre o autor: 
Professor, Neuroeducador, Master Practitioner em PNL e Hipnoterapia e Coaching de vida – é fundador, junto de sua esposa, Sílvia Reze, do Instituto Recomece. 
 

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