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Respeito se conquista

Atualizado: 26 de jul. de 2022


mulher se abraçando, amor próprio

Já parou para pensar nas pessoas que você mais respeita de verdade? Aquelas com as quais você não necessariamente concorda, mas assim mesmo as considera? A palavra “respeito” já traz em sua etimologia essa ideia. Do Latim respectus, de re-, “de novo”, mais specere, “olhar”. A ideia é de que algo merece um segundo olhar, tem qualidades que levam a uma atitude de consideração e reverência. Se parar para pensar na sua relação com elas, perceberá que o que norteia essa admiração nunca será o medo.


Havia um magistrado no Oriente que assumira o cargo de juiz de sua cidade com a finalidade de reduzir a criminalidade a zero em sua jurisdição. Abusando de sua autoridade, passou a aplicar penas severas para quaisquer contravenções simples. Se alguém bebia, ele era açoitado até perder os sentidos. Se furtasse algo, tinha sua mão cortada em praça pública. Se discutisse com uma autoridade, ganhava uma marca de ferro em brasa no seu rosto. E assim, com o uso abusivo de sua função, com o tempo, a criminalidade chegou a seu fim.


Os cidadãos, no entanto, passaram a se revoltar com as ações injustas do arbitrário legislador e deu-se início a uma movimentação silenciosa contra aquilo que se considerava combater o mal com o mal. Numa noite aparentemente tranquila, o juiz resolveu visitar o seu filho e foi abordado por guardas bêbados, que, sem lhe perguntar absolutamente nada, levaram-no brutalmente para uma das celas que o próprio juiz havia preparado para aprisionar os infratores de seu severo julgamento.


Quando entrou, deparou com uma quantidade enorme de pessoas, que, indignadas pela mão pesada com que foram julgadas, amarraram-no e espancaram-no até que ele perdesse os sentidos. O equívoco da prisão do magistrado foi desfeito somente na manhã seguinte quando sua esposa, depois de procurá-lo por muitas horas, encontrou-o no último lugar em que ela esperava encontrá-lo. O juiz ostentava hematomas no corpo, mas também em sua dignidade, pois sentiu na pele a injustiça que ele mesmo imputara aos cidadãos de sua cidade.


Respeitar alguém, portanto, é levar em consideração aquilo nessa pessoa que lhe chama a atenção por admirá-la ou por reverenciá-la ou até mesmo por sua ascendência moral sobre você. Aquela figura da avó, que, embora não faça esforço algum, funciona como uma torre que emana sua energia moral e não permite que os seus se desgarrem; aquele líder que consegue se manter sereno diante das situações e transmite aos seus comandados essa tranquilidade e liberdade para criar e realizar seu trabalho; aqueles pais que demonstram nas atitudes um equilíbrio necessário para lidar com as situações mais complexas.


O que essas pessoas têm em comum? Elas permitem que os outros sejam quem são e encontrem o seu caminho apenas oferecendo a eles seu exemplo de retidão e busca pelo equilíbrio. Assim foram os grandes avatares que passaram por esse planeta. Nenhum deles exigiu de quaisquer de seus seguidores que fossem além do que seu livre-arbítrio lhes permitiria. Isso porque, na sua sabedoria, eles sabiam que ninguém ensina nada se uma pessoa não quiser aprender. É nos exemplos que se alicerça o verdadeiro aprendizado.


Vivemos num mundo em que as instituições querem nos controlar sem dar-nos exemplos de uma boa conduta moral. Dessa forma, o aprendizado não se efetiva visto que essa programação não condiz com a nossa essência, com o nosso EU VERDADEIRO. Crescemos ouvindo que, se não nos comportássemos, não teríamos a recompensa mais importante: a de sermos aceitos pela sociedade. Assim, eles fingem que nos ensinam e nós fingimos que aprendemos para poder sobreviver a essa Matrix.


Há um movimento de mudança no mundo atualmente? Sim, mas as pessoas se prendem tanto a mudar os outros em nome de uma pseudoigualdade, que são criadas mais e mais divisões entre nós. Há mobilizações de combate ao racismo, ao preconceito e à intolerância fundamentais a uma reconfiguração das relações na sociedade atual. Mas, assim como o magistrado de nossa história, alguns grupos querem impor essas transformações de maneira agressiva. Lembremos que o respeito se conquista pela postura que se fundamenta na busca pelo equilíbrio.


Mahatma Gandhi nos presenteou com uma das frases mais significativas de nossa era: “Seja a mudança que você quer ver no mundo”. Então, para mudar este cenário milenar, é preciso que cada um comece essa mudança de dentro para fora, que busquemos nos livrar dessas programações que nos prendem ao mais do mesmo. É preciso aprender a amar a si mesmo, a entender primeiramente as diferenças que residem na sua personalidade para, a partir daí, aceitar o outro.


É na nossa Mente que as ideias das antigas gerações se tornam convicções. Temos o direito e o dever de sermos melhores que nossos antepassados, mas somente buscando a paz interior é que poderemos fazer esse “upgrade” em nosso MAPA MENTAL. Enquanto vivermos “no automático”, nossa Mente continuará reproduzindo algumas ideias ultrapassadas de nossos pais e tutores. Alguns defendem que as tradições de nossos pais faziam deste um mundo mais justo. Pura balela! Se assim fosse, deveríamos estar vivendo num paraíso.


Combater o mal com o mal nunca foi nem nunca será a saída para um mundo melhor. É somente a partir do autoconhecimento e do amor-próprio que poderemos viver num paraíso, não aquele que nos prometem as religiões, mas aquele que nos permite estar de bem com a vida, seja ela como for e aceitar as pessoas como elas são. Criar uma verdade própria e querer que outros a vivam como se ela fosse absoluta só vai gerar mais desigualdade, violência e guerras e a pior das atrocidades: o domínio de nossa Mente por aqueles que detêm o poder.


 

Sobre o autor: 
Professor, Neuroeducador, Master Practitioner em PNL e Hipnoterapia e Coaching de vida – é fundador, junto de sua esposa, Sílvia Reze, do Instituto Recomece. 
 

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