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Você quer ter razão ou ser feliz?


mulher se abraçando, amor próprio

A internet, assim como qualquer ferramenta tecnológica, pode ser usada para finalidades distintas. Temos deparado com um lado sombrio de alguns usuários dessa ferramenta quando acompanhamos discussões daqueles mais assíduos em chats nas redes sociais. Há todo tipo de ofensa e intolerância, promovida, sobretudo, pelo anonimato que a internet proporciona. Penso que essas atitudes só demonstram quanto ainda existe de ódio quando se trata de diferenças. Mas não acho que isso só tenha um lado negativo.

É preciso que algumas sujeiras sejam trazidas à tona para que possam ser limpas. A falsa sensação de que a democracia estaria ganhando corpo nas discussões mais polêmicas antes do advento da internet só mascarava o que de mais podre existe dentro de nós, seres humanos. Sustentava-se um discurso de respeito, mas, no fundo mesmo, era somente da boca para fora. E nesse ponto a internet cumpriu um papel de desmascarar essa postura hipócrita. Ficou claro que estamos muito longe de olhar para o diferente sem dar-lhe o status de diferente.


Mas por que as diferenças incomodam tanto assim? O que nos leva a digladiar tão arduamente com o próximo por tão pouco? O que de fato ganhamos quando discutimos? As respostas a essas perguntas não parecem tão difíceis de elaborar, mas isso não torna o problema de fácil solução, pois necessariamente passa pela visão de mundo que cada um construiu em sua trajetória. E se não aprendemos a respeitar o olhar do outro, cairemos na tentação de discutir com a fúria de um boxeador, que só para quando beija a lona.


Primeiramente, é preciso entender que, em discussões desse nível, sempre há uma luta entre EGOS. Sempre! Nesse ringue, há dois lutadores que só entraram nessa briga para ganhar. É somente isso que lhes interessa! Nenhum lutador baixa sua guarda e entrega a luta a não ser que seja vencido pelo cansaço. São tantos golpes, que isso vai enfraquecendo-o, vai minando sua força de defender seu cinturão. Além disso, sempre esses EGOS sairão exaustos ou feridos, repletos de hematomas.


Vamos lembrar que o EGO — ou a Mente — é onde se guardam nossas memórias. Essas memórias são formadas por experiências captadas pelos nossos sentidos em algum momento de nossas vidas. Há uma Parte da nossa Mente para cada experiência significativa. Em geral, essa Parte é composta por um pacote de sentimentos, pensamentos e crenças limitantes e será acionada toda a vez que houver alguma experiência igual ou semelhante à programação dela. Quando ela entrar em ação novamente, trará esse pacote de recursos — e nada mais.


Como a visão de mundo dessa Parte é restrita, pois ela só conhece um jeito de lidar com o problema, irá defender esse modo de ver o mundo “com unhas e dentes”. Para isso, ela usará seu raciocínio lógico baseado em seu conhecimento limitado do mundo. Essa lógica é seu único ponto de apoio para olhar para a situação; portanto, ela jamais irá admitir que outro ponto de vista o vença, pois tal visão nunca fará sentido para ela. Se ela quiser defender que algo é bonito, não importará o que o outro pense, porque é assim que ela pensa e ponto.


Embora sejamos seres naturalmente egoístas em função das limitações de nossa Mente, é bom que se diga que nem sempre agiremos assim. Há um pressuposto da Programação Neurolinguística que diz: “Ganha aquele que tiver mais flexibilidade”. Podemos ter um comportamento diferente, mudarmos de estratégia quando não estivermos conseguindo alcançar nossos objetivos; mudar de rota quando necessário. Quando adotamos comportamentos flexíveis, ganhamos a oportunidade de perceber qualquer situação por ângulos diversos e fazer a melhor escolha.


Podemos alcançar uma flexibilidade maior no momento em que obtivermos mais recursos para lidar com a situação. Renunciar à razão só é possível se tivermos escolhas. Se ensinamos a uma criança como amarrar o sapato de um jeito, não poderemos exigir dela que amarre de outro modo, alegando que dessa forma é mais seguro para ela. Ela olhará para você e dirá: “Não vou fazer isso! Este é o único jeito que aprendi a amarrar sapato”. É assim que agimos quando nos sentimos contrariados. Não iremos aceitar algo que vá de encontro à nossa razão, pois não podemos admitir essa derrota.


O grande problema de termos nossa Mente como guia em discussões que promovem esse embate é que querer ter razão implica um desgaste desnecessário de energia, que só nos causa sofrimento. O papel de nossa Mente é vencer, já que ela não quer ficar por baixo, perder seu prestígio, sua fama diante do outro. A Mente é vaidosa, é caprichosa! Ela jamais se renderá diante de quaisquer argumentos, mesmo que eles sejam óbvios. Esse processo certamente nos tirará a paz, e um tempo precioso.


Se você quer ter razão, entrar numa discussão é uma maneira de satisfazer seu EGO, dando a ele a possibilidade de sentir o prazer da vitória. Mas todos nós sabemos que os prazeres são fugazes. É como qualquer maneira de sentir prazer momentâneo. Mas, se quiser ser feliz, dê ao outro o direito de ter razão. Respire fundo e simplesmente concorde. É bom lembrar que todos têm suas razões. Querer que uma pessoa mude de opinião é como ir de encontro a uma parede de concreto e querer derrubá-la: não é muito inteligente e vai lhe causar uma grande dor de cabeça.


 

Sobre o autor: 
Professor, Neuroeducador, Master Practitioner em PNL e Hipnoterapia e Coaching de vida – é fundador, junto de sua esposa, Sílvia Reze, do Instituto Recomece. 
 

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